domingo, 30 de setembro de 2012

Clube do Trono


Me deparei com esta imagem no face e imaginei como seriam as regras de um clube misto de Game Of Thrones com Clube da Luta. Lá vai: 

regra do clube do trono é: Você não fala sobre a mãe do seu bastardo.
regra do clube do trono é: Você não pede uma coroa para um Khal. 
regra do clube do trono é: Você não toca nas meninas do Craster.
regra do clube do trono é: Você não fala para onde as putas vão. 
regra do clube do trono é: Quando o deus da morte pergunta se o clube vai funcionar, você diz “hoje não”
regra do clube do trono é: F%#?-se o Rei. 
regra do clube do trono é: Hodor.

E se é sua primeira vez no clube do trono, você deve brandir a espada.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Maiden United: o amor à Donzela de Ferro


Maiden United é uma banda acústica, criada em 2009 pelo vocalista Damian Wilson (mais conhecido por seus trabalhos com a banda Threshold e os projetos Ayreon e Star One) com a exclusiva proposta de prestar tributo à Donzela de Ferro, vulgo Iron Maiden, ícone do metal.

Já respeitava o Wilson graças as suas colaborações com o Star One, mas rapidamente virei fã do cara ao ouvir Mind The Acoustic Pieces, álbum de estreia da banda. Até então nunca tinha ouvido covers do Iron executados em acústico, e como raramente um cover do Iron me decepciona, mergulhei confiante nesta banda. O resultado foi uma “Fligh Of Icarus” tão épica quanto a original, uma explosiva “The Trooper”, “Revelations”, “To Tame A Land”... Tudo modestamente incrível.

E agora, depois de muito esperar, o novo álbum: Across The Seventh Sea.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

A Companhia Negra


Primeiro a capa, de uma arte estupidamente incrível, é capaz de roubar olhares curiosos. Depois a sinopse, ingrediente mortal para gerar o desejo, fecha com glória o exterior desta obra. Confira:

Durante tempos imemoriais, o Dominador e a Dama, o mais poderoso casal de feiticeiros já visto, governaram todo o mundo conhecido com mão de ferro. De maneira implacável, eles venceram todos os seus oponentes e corromperam a alma de seus dez piores inimigos, transformando-os nos Tomados, seres condenados a servi-los por toda a existência. Contudo, um grupo rebelde, liderado pela misteriosa Rosa Branca, conseguiu aprisionar os tiranos e seus seguidores em um sono profundo. 

Porém, séculos depois, a Dama e os Tomados finalmente foram despertados. Agora, eles estão decididos a recuperar todo o poder que lhes fora tirado. À medida que se dedicam ao processo de reconquista, o caminho de um deles, o Apanhador de Almas, cruza com o do grupo de mercenários conhecido como Companhia Negra. Por várias gerações, a Companhia serviu a diversos senhores, sempre honrando seus contratos e prosperando. 

Contudo, esses dias de glória ficaram no passado. Hoje, o grupo se resume a um pequeno contingente que trabalha para o governante de uma ilha isolada. Tudo o que restou foram histórias, preservadas com afinco por Chagas, o médico da Companhia, que registra todas as suas atividades. Dessa forma, quando o Apanhador oferece a eles a chance de se juntar ao exército da Dama contra os rebeldes, a proposta é aceita de imediato. 

O que era para ser uma gloriosa batalha pelo poder rapidamente se revela um pesadelo. Os Tomados são figuras repulsivas que lutam constantemente entre si, e a Companhia logo se vê enredada em intrigas, traição e manipulação. Em meio aos rumores cada vez mais fortes de que, em algum lugar, há uma criança que é a reencarnação da Rosa Branca, Chagas, os olhos e ouvidos do grupo, começa a questionar a própria participação nos eventos. Por mais forte que seja seu fascínio pela figura da Dama, ele não consegue deixar de pensar que, no fim das contas, a Companhia pode ter escolhido se aliar ao lado errado do conflito, e que as consequências dessa decisão podem ser terríveis.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Gregorian: hit’s famosos como você nunca escutou!


O que você esperaria ouvir de um disco com esta capa?”, perguntei para um amigo. “Algo épico”, ele respondeu. Vá lá, confira a capa no final do post para ter a mesma impressão que este meu amigo. O titulo do novo álbum, Epic Chants, reforça a ideia. E com tudo isso, o que eu menos esperava encontrar era músicas ou trilhas populares regravadas. Um disco de covers. E detalhe: cantado em coros gregorianos. Isso mesmo. Tipo coral de igreja.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Grupo Papel & Espada apresenta o RPG na teoria e na prática

Ótima noticia.

Conferindo o email de forma desdenhosa, dei de cara com um convite de divulgação:

"No dia 22 de setembro o grupo Papel & Espada apresentará uma p

alestra sobre RPG para iniciantes, apresentando o hobby, sua origem, história, principais jogos, as referências na literatura, no cinema e em outras mídias e como o RPG pode ser usado como ferramenta educacional.

Após a palestra o grupo Papel & Espada organizará mesas de RPG para que os participantes possam experimentar como o jogo funciona na prática, apresentando aos participantes o RPG Tagmar, primeiro RPG nacional.

A palestra acontecerá dia 22 de setembro de 2012, a partir das 11:00, na Biblioteca Chácara do Castelo na Rua Brás Lourenço 333 - Jardim da Glória - SP.

Maiores informações pelo e-mail: espadas.papel@hotmail.com"

A biblioteca em questão já tem o costume de propor atividades culturais bacanas, sendo uma ótima opção de entretenimento num sábado de manhã. A mim fica a curiosidade de ver a palestra e quem sabe rolar alguns dados com os iniciantes; faz mais de 1 mês que não jogo nada e não sei a quanto tempo que não ouço palestras sobre o hobby.

Não tem como não ir.

sábado, 15 de setembro de 2012

Breaking Bad: "I'am the danger!"


Na cena, Skyler demonstra sua preocupação com Walter. Diz que ele pode estar em perigo. Walter se vira, destemido, e frisa: “eu não estou em perigo, Skyler. Eu sou o perigo”.

Na véspera dessa cena, um importante sujeito do cartel foi assassinado com uma bala na cabeça ao atender quem batia na porta de sua casa. Diante dessa questão, Walter explica: “Eu sou aquele que bate na porta”.

Isso foi na 4ª temporada. E lá mesmo, o personagem matou sua humanidade, e escondeu o que restava de seu caráter embaixo do tapete. “Nada mais importa”, disse. Restava apenas a sobrevivência.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

M&M & Game Of Thrones: Davos


Davos 'Cavaleiro das Cebolas' Seaworth
Nível 6

HABILIDADES [20p]
Força: 14 (+2); Destreza: 14 (+2); Constituição: 14 (+2); Inteligência: 14 (+2); Sabedoria: 14 (+2); Carisma: 10 (+0).

SALVAMENTOS [13p]
Resistência: 2/6*; Fortitude: 7; Reflexos: 6; Vontade: 6.
*com Cota de malha.

COMBATE [22p]
Iniciativa: 2; Defesa: 16; Esquiva: 3; Recuo: 1/3*; Bloqueio: 5; Ataque: 5; Dano: Desarmado 2 [17]; Espada 5 [20].
*com Cota de malha.

PERÍCIAS [84 Graduações, 21p]
Arte da Fuga 3 (+5); Cavalgar 7 (+9); Conhecimentos: Cultura Popular 4 (+6), História 2 (+4), Manha 4 (+6), Negócios 4 (+6), Tática 3 (+5), Teologia e filosofia 2 (+4); Dirigir 8 (+10); Escalar 4 (+6); Lidar com Animais 5 (+5); Nadar 7 (+9); Notar 4 (+6); Obter Informação 6 (+6); Procurar 4 (+6); Sobrevivência 7 (+9).

FEITOS [28p]
Ataque Acurado; Ataque Poderoso; Bem Relacionado; Benfícios (Status); Capangas 7 (Tripulação de 50 homens, 30p cada); Equipamentos 14; Liderança; Rastrear; Trabalho em Equipe 1. 

Equipamentos: Espada (Dano +3); Cota de malha (Resistência +4).

Navio: Betha Negra (Tamanho: Incrìvel; Força 100, Velocidade 3, Defesa -2, Resistência 18).

Habilidades 20 + Salvamentos 13 + Combate 22 + Perícias 21 (84 graduações) + Feitos 28 = 104 pontos.

domingo, 9 de setembro de 2012

Sobrevivente

Sobrevivente, o segundo romance de Chuck Palahniuk ─ é uma comédia demente de pesadelos, um tapa na cara da sociedade ocidental. É a sátira no seu melhor, e Palahniuk cuida de tudo isso com um distinto estilo de prosa envolvente e enredo chocante que mantém o leitor como refém até o fim de suas páginas.

Pra mim, é gênio. Gênio doido. Ele, o autor, já mostrou o dom em seu primeiro livro (um tal de Clube da Luta) e esbanja um pouco mais da mesma inteligência insana neste aqui.

Às vezes parece que Palahniuk quer se alongar em algo; ele parece capaz de ironizar determinado assunto por horas e horas. Mas não o faz. Esperto, se preocupa mais em contar a história do que soltar suas opiniões socialistas. Mas, fazendo isso, Palahniuk causa um efeito contrário: o que mais pega o leitor, gruda na mente, fascina e tudo mais, são suas sátiras (mesmo sendo citações subliminares, curtas), no caso, sobre religião, fama, publicidade.

sábado, 1 de setembro de 2012

Sonata do bardo 2

13º dia do 7º mês, Luvitas. Ano 1400.


Eu fiquei com o broche do membro do Conselho de Fortuna, Larien tratou do corte na coxa, Rark conseguiu limpar as unhas, Grilo já dava indícios de um resfriado, a neve não parava de cair, ainda não tínhamos um nome e em um dia de cavalgada estaríamos em Luvian.

O plano era simples: ficaríamos naquela vila por uma volta de lua. Seria o suficiente para uma dúzia de boas apresentações.

E por falar em apresentações, estou devendo algumas palavras descritivas sobre mim e meus camaradas. Mas acho que isso não pode ser feito de uma vez. Decidi que posso apresentá-los bem devagar. Não tem porque apressar as coisas.

Voltando:

Rark cavalgava à frente. Era experiente com terrenos e conduzia seu corcel atento a qualquer sulco encoberto de neve capaz de quebrar uma pata do animal. E não podíamos perder outra montaria, o que nos restava ir com muita calma, seguindo as pisaduras que Rark marcava.

Eu vinha logo atrás, guiando o animal que fora de Grilo. O rapaz me cedera seu cavalo e eu aceitei com um rápido agradecimento, mas sabia que aquilo não era simples bondade. Pois logo depois Grilo se convidou a montar o mesmo cavalo que Larien.

Menino esperto.

Seguiam atrás de mim, fechando a fila.

Olhei sobre o ombro apenas pra ver se iam bem. E lá estava Larien segurando as rédeas e Grilo segurando Larien.

Menino esperto.

Exceto que não percebe que Larien nem percebe ele, e Larien não percebe que Grilo tem uma queda por ela.

Que confusão.

Se continuássemos naquela marcha alcançaríamos a vila na madrugada. Mas Rark decidiu dar férias temporárias aos cavalos e não correr riscos com a escuridão das estradas. Então, paramos. Foi um saco fazer uma fogueira ali, mas conseguimos. Comemos parte de nossas provisões, treinamos três músicas do nosso repertório e fomos dormir.

Rark ficou com o primeiro turno de vigia, enquanto ressonávamos e tremíamos de frio, cada um na sua palha meio húmida, todos cercando a fogueira. O segundo turno seria o meu, mas muito antes da hora eu me levantei e liberei Rark. Justifiquei:

─ Totalmente sem sono ─ disse pra ele, e assumi o posto.

Recostei numa árvore caída e fiquei pensando na vida, enquanto aguardava o amanhecer. Naquela noite a neve deixou de cair e somente os ventos ficaram. Um amontoado de nuvem foi soprado pra longe e o céu, naquele instante, estava limpo. Meus olhos automaticamente buscaram pela lua. Dali, não conseguia contempla-la direito, então me levantei e caminhei um pouco, deixando meus colegas pra trás. Encontrei uma grande pedra, subi nela e pronto, estava realizado: observei; grande, redonda, tão perto que era possível ver suas imperfeições.

E quando se tem um encontro com a lua, parece que nada mais importa. Apenas fiquei ali, não sei dizer quanto tempo, hipnotizado pela luz branca.

Até que ouvi um som. Talvez uma folha sendo pisada ou galho balançado. Não sei explicar, mas tinha certeza que não era o vento.

Rapidamente me virei na direção do som e joguei uma mão para trás, buscando uma flecha na aljava... Não. Não estava comigo! Deixei as armas junto do alaúde junto das provisões junto dos meus amigos.

─ Quem ─

─ Sou eu.

Era Grilo.

─ Quase te matei agora, hein ─ ele disse, sorrindo da minha cara de susto.

─ Se eu estivesse armado, haveria uma mutualidade entre nós. Mas no seu caso não seria só um susto ─ fingi que estava intrigado enquanto o encarava de cima da pedra ─ Sem sono?

─ É. Tive uma sequencia de sonhos perturbadores.

Grilo subiu na pedra e olhou pra lua. Era jovem, como já disse antes, talvez com 18 invernos, mas tinha quase a minha altura. Era difícil ver em seu rosto sereno o estranho passado que ele um dia disse ter vivido.

O que sei de Grilo é que o rapaz foi abandonado pela família quando tinha 4 anos. Ele mesmo não se lembra da mãe ou de qualquer outro parente, se lembra apenas que no começo tinha uma família e uma pequena residência em algum ponto do reino de Ahlen. Depois, se lembra de fazer uma viagem de carroça e em determinado momento seus responsáveis deram ordem para parar a viagem, foram buscar algo do lado de fora e não voltaram. Ele ficou só, e daí tirou a ideia de que foi abandonado. Mas Grilo foi um órfão por menos de uma volta do sol: no mesmo dia em que foi deixado um bando de mercenários passava por aquela estrada.

Pela graça de Nimb, os malfeitores o adotaram como mascote. Mais tarde esse mascote se mostrou promissor, rápido com as mãos e de ouvido apurado, deixando então de ser um mero criado, virando um aspirante a membro daquela guilda. Um dos mercenários era um assassino profissional. Grilo me contou certa vez que o cara se dizia altamente procurado em Tamu-ra; um homicida que merecia alta recompensa na Ilha do Dragão, tipo alguém que já matou muita gente importante. Daí ele começou a treinar Grilo nas artes de um eliminador de vidas. O menino aceitou o treino de bom grado, ficando muito intimo de facas de arremesso. Mas, certo dia, o grupo de mercenários foi surpreendido por outro grupo de mercenários. Grilo conseguiu escapar com o assassino tamuraniano, e não souberam se mais alguém do bando sobreviveu depois da emboscada. Quando chegaram numa vila, alguém apontou para eles dizendo “são eles, são eles, santo Khalmyr, são eles!”, uma milícia bem armada veio e prendeu mestre e aprendiz. Grilo nunca entendeu essas coisas, fora tudo muito rápido; emboscada, prisão, e depois a execução do tamuraniano. E antes que chegasse sua vez de ir para a forca, Grilo conseguiu fugir.

─ Só lembro de uma coisa: Vi você numa cela. ─ ele disse enquanto olhávamos para a lua ─ Estava preso numa cela.

─ E onde você estava?

─ Não sei. Em um sonho eu não me vejo, apenas vejo os outros.

─ Tinha janela? ─ quando fiz a pergunta, ele se voltou pra mim, todo confuso. Bufei: ─ A cela, tinha janela na cela?

Grilo olhou para algum lugar no horizonte, tentando se lembrar.

─ Não. Sem janela. Era bem uma masmorra antiga. Pouca luz e abafada. Ah, e tinha um carcereiro careca, cheio de cicatrizes, com um machado de duas lâminas. E acho que ele não gostava muito de você.

─ Que bosta de sonho.

─ Pois é ─ ele sorriu e bocejou. Depois de um tempo: ─ Enfim, vou voltar. Talvez consiga dormir de novo.

Ele desceu da pedra e foi caminhando para onde os outros dormiam. Antes de sumi entre os arbustos, ele se virou e disse:

─ Pensei em um nome para o nosso grupo: Morphis. Que tal?

─ Bom. De onde tirou ele?

─ Sei lá. Talvez tenha sonhado com isso também. ■



Hoje. 31º dia do 12º mês, Aurea. Ano 1400.


É o último dia do ano. E me trouxeram mais tinta e papel. Então, estou escrevendo de novo.

E essa segunda parte da minha Sonata foi uma tentativa de contar, meio por cima, quem é Grilo. E algo que não tive tempo de entender naquele rapaz, era sua capacidade de avistar o futuro. Ele sonhou comigo numa cela, e cá estou, numa cela. Disse que não teria janela e disse que meu carcereiro seria uma paixão de pessoa. E essas coisas também se realizaram.

Um dia desses meu carcereiro careca e cheio de cicatrizes, exatamente como Grilo sonhara, me disse:

─ Ainda chegará o dia em que a ordem será dada e eu virei até aqui separar sua cabeça cheia de estrume do seu corpo. Vê a Senhora Serra, aqui? Veja bem as curvas dela. Sonhe com ela.

Ele é obcecado por mim. Quase todo dia, quando me traz papel e tinta a mando do seu superior, ele faz juras de amor como esta. Seu trabalho, até onde sei, é decapitar as pessoas. E ele esta sedento por ver minha cabeça rolando. E a Senhora Serra é o nome do seu machado de duas lâminas.

─ Sonhe com ela beijando seu pescoço ─ ele diz pra mim, segurando o machado contra as barras de ferro da minha cela que, abençoadamente, me protegem dele ─ Sonhe com isso. Sonhe. Pois ela te deseja imensamente.

Ele ficou um bicho no dia que estava entediado e pedi uma singela misericórdia:

─ Eu queria escrever ─ eu disse.

Logo depois o carcereiro socou uma parede e prometeu 13 formas diferentes de me matar com a Senhora Serra. Mas outro dia, um serviçal qualquer desceu na masmorra e eu falei com ele, repetindo que queria muito escrever algo.

Não sei explicar como, mas o senhor que me mantem prisioneiro aceitou o meu pedido através daquele serviçal: no dia seguinte o carcereiro me entregou uma folha, um pote de tinta e uma pena. Nem preciso citar a cara de desgosto do meu amado carcereiro.

─ Aproveite ─ ele disse me dando os itens ─ e escreva seus crimes antes que, você sabe ─ e tocou o machado de novo.

─ Claro. Meus crimes ─ arrumei os papeis e molhei a pena na tinta ─ Então vou começar com o dia em que encontrei sua mãe. Ah, não, espera, aquilo não foi um crime. Eu paguei direitinho quando terminamos.

Daí ele ficou vermelho, bateu nas barras, gritou e prometeu mais 13 formas de me matar com a Senhora Serra.

A primeira dezena das folhas foi amassada e queimada, depois de escritos estúpidos que me ocorreram. Então começaram a me dar menos papel. E, à dois dias, comecei a escrever essa Sonata. Não tenho ideia de quem ira ler, no futuro, depois que eu for executado.

É minha biografia escrita no último episódio da minha vida, e eu não sei se alguém vai ler.

Escriba sofre. Talvez por isso eu tenha escolhido a carreira de bardo.

Ao menos tenho um ouvinte: meu carcereiro e a Senhora Serra. Ontem, li para eles a parte um da Sonata do bardo. O carcereiro fez cara de mau, mas sorriu um sorriso de 7 dentes. Disse:

─ Tá uma merda.

─ É a minha vida, fazer o que.

E pela primeira vez rimos os dois juntos. Nada exagerado, pois ele ainda me odiava e eu idem. Mas já era alguma coisa.

Ah, e quando conversávamos eu descobri o seu nome.

Era Morphis. ■